banner

Notícias

Aug 16, 2023

Man City, lenda da Espanha A lenda de Silva cresce após a aposentadoria

As botas de David Silva são feitas de couro. Finalmente desligaram esta semana, mais tarde do que muitos imaginavam e mais cedo do que todos queriam, eles vieram em todos os tipos de cores - azul e preto e laranja e amarelo e branco - mas uma coisa nunca mudou. Olhe bem de perto e eles parecem algo de outra época, de quando tudo começou. Os fabricantes poderiam fazer o que quisessem com o design – ele não se importava muito com isso – apenas não mexessem no material. Sem plásticos, sem sintéticos, sem truques, sem bobagens.

Tudo o que importava era a sensação, a bola. O toque. E, cara, o toque do Silva foi bom. Sempre assim.

- Transmissão na ESPN+: LaLiga, Bundesliga, mais (EUA)

Cada passe perfeito, sem adornos, havia uma espécie de charme gentil na forma como ele tocava, uma leveza nele. E ainda assim ele também foi duro, um competidor e também um artesão ao longo de 19 anos. A maior parte deles foi passada na Premier League - há uma estátua dele fora do estádio do Manchester City - então quando ele retornou à Espanha, aos 34 anos, foi como se estivesse sendo descoberto novamente, um presente: a chance de aproveite-o aqui também, para recebê-lo em casa e finalmente abraçá-lo. Para recuperar o tempo perdido, ciente de que pode não sobrar muito.

Assistir Silva jogar foi especial. Não apenas para os torcedores do Real Sociedad, mas para todos. Para quem jogou com ele, principalmente. Fale com eles e todas as conversas parecem terminar da mesma maneira: e ele também é um cara legal.

Muito obrigado... futebol pic.twitter.com/HoB6TPojAd

Perto do final da temporada passada, Silva foi até a câmera – um lugar que não gosta muito – para uma entrevista pós-jogo. Em vez de começar com uma pergunta, a entrevista começou com um pedido: “Por favor, não se aposente”. Silva sabia que um dia teria que fazer isso, disse ele, mas estava gostando e por isso iria continuar. Poucos dias depois, foi anunciado que, aos 37 anos, ele havia renovado por mais uma temporada, decisão comemorada por todos e merecida. Supostamente chegando ao fim quando assinou, ele estava caminhando para uma quarta temporada e de volta à Liga dos Campeões também.

Agora, porém, uma lesão no ligamento do joelho direito - algo com o qual ele convive há algum tempo - obrigou Silva a se aposentar. Na idade dele, era hora de ir. Justamente quando ele, o último homem da maior geração que a Espanha já teve, foi universalmente abraçado, talvez pela primeira vez, apreciado por todos. “Gostaríamos que tivesse acontecido de forma diferente, mas mantemos o futebol que vocês nos deram”, afirmou o comunicado do clube.

“A forma como aconteceu é uma pena e muito cruel”, diz Pablo Zabaleta, que jogou com ele no Man City. "Ele estava jogando bem na Real Sociedad e isso é triste."

Termina na mesma província em que começou, a mais pequena de Espanha: Guipuzkoa. Silva chegou ao Eibar, da segunda divisão, por empréstimo ainda adolescente, seu primeiro futebol sênior; sua carreira termina no La Real, em San Sebastian, aos 37 anos, quase 900 jogos depois, em cinco times e em seu país.

Nascido nas Ilhas Canárias, na mesma pequena cidade do antigo internacional espanhol Juan Carlos Valeron, ingressou no Valência aos 14 anos, mas estava longe de casa. Eibar fica a 1.265 milhas e a um mundo de distância. A temperatura média na Gran Canaria nunca desce abaixo dos 70 graus e há 2.998 horas de sol por ano; em Eibar, nunca ultrapassa os 70 graus. Foi perfeito.

“Estávamos com falta de jogadores e lembro-me de ter conversado com Toni [Ruiz], o preparador físico, e Mendi [José Luis Mendilibar, o treinador] e eles disseram: 'Tem um rapaz das Ilhas Canárias que o Valência nos oferece'. ", diz Antonio Karmona, companheiro de equipe no Eibar. “E devo admitir que disse ao Mendi: 'Um jovem de 19 anos, das Canárias, para Eibar?!' E ainda por cima ele é pequeno e franzino. E ele disse: 'Sim, sim, eles nos dizem que ele é muito bom. Toni o conhece. E ele vai assinar.' Eu pensei: 'OK, bem, vamos ver.'"

“Éramos um time duro, muito físico. E aparece esse garoto: quieto, quase não falava, tímido. muito falador, mas se dava bem com tudo e com todos, nunca se escondia, sempre quis a bola. Acho que o Eibar fez bem para ele: sessões com muita intensidade, muito contato físico. Ele pensava muito mais rápido que os outros, então foi difícil contatá-lo para fazer um desafio, mas ao mesmo tempo ele nunca se esquivou. E com o apoio do grupo ele cresceu”, diz Karmona.

COMPARTILHAR